Afirmação é de Angelita Toledo, uma das palestrantes do seminário sobre DST/Aids, que acontece amanhã na cidade
Aline Ruiz
aline@acidadevotuporanga.com.br
Amanhã, dia 17, a Secretaria de Direitos Humanos de Votuporanga e Coordenação Municipal DST/Aids,órgão vinculado à pasta municipal de Saúde, unem forças em prol da mulher negra. A Prefeitura realiza o Seminário sobre DST/Aids – Saúde na Mulher Negra, no Polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), a partir das 8h, gratuitamente. Em entrevista para a Rádio Cidade, uma das palestrantes do evento, Angelita Toledo, explicou a importância da participação da população e apresentou alguns dados com relação ao aumento de mulheres que estão contraindo a doença, que ainda é tratada como tabu pela sociedade.
A assistente social e mestra em Direitos Humanos, Angelita Toledo, que irá discorrer sobre a incidência do vírus na mulher negra, explicou que a doença não está relacionada a cor especificadamente, e sim as condições socioeconômicas dessas mulheres. “No Brasil temos uma herança da escravidão e a população negra sofre esse impacto até hoje; após a abolição, o negro não era reconhecido como cidadão, por isso eles foram se posicionando em condições menos favorecidas de moradia, escolaridade, emprego, e isso é sentido até hoje. Por isso a incidência do vírus da Aids é bem maior nas mulheres negras, por falta de informação e oportunidades”, ressaltou.
Angelita revelou ainda que a Aids é tratada como um tabu pela sociedade. “A doença é vista como doença dos outros, é como beber e dirigir, a gente acha que nunca vai acontecer nada com a gente, mas não é bem assim que as coisas funcionam; a Aids não tem cara, não tem cor e não tem classe social, pode acontecer com qualquer pessoa, e é essa falta de conscientização das pessoas que faz com que o número de casos aumente, falta de educação sexual, falta de campanhas”, disse.
A palestrante ainda explicou que o evento não é isolado. “A Aids tem aumentado significativamente, principalmente em mulheres pardas, isso a nível nacional, então esse evento de sexta-feira não é isolado, é um evento que está acontecendo em todos os municípios, em todos os estados. Ele vem a partir de uma demanda do Ministério da Saúde, que já lançou agora uma campanha que é contra o racismo constitucional e para aumentar a atenção com relação a saúde da população negra”, comentou.
Dados do programa estadual DST/Aids mostram que, em nível nacional, os casos de detecção de HIV entre as mulheres negras são três vezes maiores se comparadas às mulheres brancas. A pesquisa também aponta que as estão morrendo duas vezes mais que as brancas por conta da contaminação.
Angelita finalizou dizendo que outra parcela da sociedade que vem contraindo cada vez mais o vírus é a dos jovens. “No Brasil, a Aids aumentou 50% nesta faixa etária, entre 15 e 16 anos. Como eles não acompanharam o auge da Aids, quando ela era associada a morte, essa geração não tem tanto medo, acha que um remédio resolve tudo, as meninas principalmente. Já vi casos de meninas que contraíram a doença em sua primeira relação sexual, por isso a educação sexual, as campanhas e eventos assim são tão importantes, falta informação correta para essas pessoas”, concluiu.