Do latim. Liga-se à palavra educere, que significa literalmente “trazer para fora”. Este é o significado e o sentido da Educação: trazer o aluno (conduzir) pelo mundo. Por sua vez, o pedagogo, na Grécia Antiga, designava o escravo que conduzia a criança ao ginásio, levando-a pela mão para que ela aprendesse a ser e a conhecer o mundo.
O mundo mudou. Civilizações surgiram, se transformaram ou desapareceram. Em todos os tempos, somente os países que deram real importância à educação das crianças, e, por conseqüência, à valorização do pedagogo, do professor, foram os que mais se desenvolveram.
No Brasil, a Educação sempre esteve atrelada às políticas públicas equivocadas, inócuas ou desinteressadas. Os educadores sempre foram mal remunerados. No tempo da minha mãe, e também no meu, as professoras (as normalistas) já eram mal remuneradas. Dizia-se, naquele tempo, que o salário da professora era destinado aos seus “alfinetes”, significando que não era dinheiro que contava para a economia doméstica.
Felizmente, sempre tive professoras maravilhosas e amorosas. Umas que trabalhavam por gosto e por necessidade, e o pouco dinheiro que recebiam complementavam o parco orçamento doméstico. Outras, soube que trabalhavam somente por amor à profissão, não necessitavam do (pouco) dinheiro da remuneração.
Só no meu antigo Ginásio (hoje séries finais do Ensino Fundamental) descobri que havia também homens que abraçavam a profissão de professor. Porém, tanto eles quanto às professoras lecionavam pelo menos em duas escolas, estafando-se no período diurno e noturno.
Décadas passaram, e constato tristemente que somente o tratamento dispensado ao professor mudou, e para muito pior. O professor, no tempo da minha mãe e no meu, era recebido com carinho e com respeito, na comunidade e nas famílias. A professora era respeitada e obtinha tratamento similar ao que era destinado ao Juiz de Direito, ao Delegado de Polícia e ao Pároco da Igreja. A professora falava e a criança ouvia. A professora aconselhava, e a família acatava. A professora ensinava e a gente aprendia. Gramática, verbo, matemática, geografia, história, tabuada, verso e prosa. Concordância verbal e concordância nominal. A falar bem e a escrever melhor, de acordo com a norma culta.
Atualmente, não bastasse o professor ser destratado pelo aluno, desde a educação infantil até o ensino superior, ainda é muito mal remunerado. Os que se aventuram a tomar alguma atitude e a reclamarem são tachados de repressores e intolerantes, quando não são atacados também pelos pais, que não aceitam repreensão às atitudes agressivas e desrespeitosas dos filhos, para com os mestres.
O resultado aí está: - professores estafados e descontentes. Desestimulados e desinteressados (alguns), somente esperando chegar o tempo da aposentadoria. Muitos estão revoltados, com justa razão. E perdem o foco. Na luta pela valorização profissional perdem grande parte da energia que deveriam estar destinadas ao processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos.
O que a sociedade e os governos têm que compreender é o seguinte: - enquanto não se investir no professor, em salários dignos e também em cursos voltados para o seu aprimoramento contínuo, mais do que em prédios e materiais didáticos, nada mudará, e o circulo vicioso se perpetuará. Com salários interessantes, obviamente a procura e a disputa pelos cursos de Pedagogia atrairão os melhores alunos e a qualidade da Educação fatalmente melhorará, repercutindo nos alunos, nas famílias e na sociedade como um todo indissociável, alterando o ciclo perverso da má (e da falta de) educação que se instaurou no Brasil.
Norma Moura é advogada, empresária e estudante - kairosbrinquedos2009@hotmail.com