Os tempos mudaram, mas a família continua sendo o núcleo fundamental para a vida em sociedade. Mas a família mudou. Mudou sua organização e estrutura e as mudanças são visíveis nos fazendo pensar onde se encontra a linha divisória entre o que realmente seria avanço ou conseqüência desta sociedade moderna.
Vários problemas têm produzido o crescente desconforto nas famílias no chamado mundo contemporâneo.
A revolução feminina, a mais importante do século XX, trouxe libertação, porém a mulher saiu de casa e ninguém ficou em seu lugar. A desordem doméstica reflete-se na desordem conjugal e num esfacelamento dos laços de família.
Vê que a sociedade não estava preparada para essas transformações repentinas, em que os valores foram invertidos, como por exemplo, a terceirização da educação dos filhos, impedindo-os que se desenvolvam de forma saudável física, moral e espiritual.
A boa educação ainda depende de uma boa educação familiar. Portanto, o primeiro dever ético em relação à família é reafirmá-la como célula insubstituível, pois, é o habitat natural ao ser humano e nenhuma outra forma alternativa poderá desempenhar o seu papel de conferir equilíbrio ao futuro cidadão e, consequentemente, a ordem social.
Um conflito presente dentro de casa é a submissão dos pais em relação aos filhos por omissão ou incapacidade de passar as noções básicas de convivência social tais como limites, respeito a gerações mais velhas, respeito ao direito de cada um.
A este, soma-se o aumento da violência no meio urbano, gerando insegurança na família e atrapalhando o desenvolvimento natural da autonomia de todos os membros.
O apelo ao sexo mau conduzido, vamos deixar aqui registrado o absurdo de se propagar tão naturalmente a promiscuidade nas escolas como recentemente a idéia de distribuir o kit gay. Pergunto: pra que ??? o que deve ser trabalhado é a educação sexual como um todo.
E o que tem que ser combatido é o uso abusivo das drogas, a cultura do oportunismo, impunidade, o poder a qualquer preço, enfim tudo o que contribua para a desestruturação pessoal, familiar e coletiva.
Um processo de desestruturação familiar se manifesta, principalmente pela falta de valores humanos. Os valores humanos são fundamentos morais e espirituais da consciência humana. Todos os seres humanos podem e devem tomar conhecimento dos valores a eles inerentes. Muito das causas que afligem a humanidade está na negação destes valores como suporte e inspiração para o desenvolvimento integral do potencial individual e social.
A vivência dos valores alicerça o caráter, e reflete-se na conduta como uma conquista espiritual da personalidade. Em todos os tempos da história da humanidade a família passou por crises, mas se mantém até hoje como uma instituição forte e capaz de conduzir à felicidade.
Apenas sofre transformações resultantes daquelas que também ocorrem no meio social e vice-versa. Assim, há um movimento sistêmico que alimenta a sociedade, mas que também dela se alimenta transformando uma a outra.
Apesar de o mundo atual valorizar a busca do poder e cultuar o individualismo, impedindo vivências altruístas e de solidariedade, a família, quando revitalizada, pode lançar para a vida sujeitos capazes de buscar e propor formas mais humanizadoras e mais felizes para o viver social.
E é no berço familiar que surge um dos pilares da sustentação familiar: a consciência da importância dos deveres éticos, morais, os valores humanos.
Alguém se recorda que valores humanos são mais poderosos e valiosos que indicadores de um melhor desempenho?
É muito bom dominar dois idiomas e dominar a tecnologia. Mas isso dá mais condição ao ser humano do que ética, honestidade e outros valores semelhantes? Dá mais qualidade de vida e integridade?
Ter consciência das dimensões da vida respeitadas e harmonizadas, passa a ser o grande aliado dos valores humanos de cada um. Precisamos resgatar a família sem não nos esquecermos de resgatar os valores éticos, morais, humanos.
O maior crescimento é o processo de dar à luz a si mesmo.
Cleide Semenzato - Assistente Social - Votuporanga, colaboradora