Todo mundo fala que o século XXI vai ser o século da mulher. Sua intuição terá grande valor no mercado de trabalho. Os cientistas estudam as peculiaridades do seu cérebro, capaz de dar atenção a várias coisas, ao mesmo tempo. Bem antes desses estudos já sabiam disso: ao mês, o tempo em que escreve uma tese, a mulher fica atenta à fralda do bebê e à panela na cozinha.
As universidades estão formando mais do que homens. A quantidade de juízas e imensa. Elas estão nas forças armadas, na indústria, no comércio. destacam-se em todas as atividades. Afinal, são belas, sedutoras, meigas, castas e recatadas.
Se há tantas vitorias para a causa feminina, por que as mulheres continuam sofrendo violência doméstica. No Brasil 42% das mulheres já sofreram violência dentro de casa. E violência braba: tabefe, safanão, pontapé e surra de cinto.
Antes, até se imaginava que era o peão que batia na mulher. Aquele sujeito pobre, explorado, que volta para casa trazendo a amargura do salário-mínimo, pára na birosca, toma uma pinga e quando chega em casa espanca a mulher. Grande ilusão.
A violência contra a mulher não escolhe raça, escolaridade, situação social. O operário bate na mulher, mas o doutor também bate e até mata. Seja advogado, médico ou deputado. Bate porque as conquistas das mulheres são muitas, mas ainda não alcançaram a relação homem-mulher. Dentro dessa relação, o homem ainda se comporta como dono, a mulher como objeto.
Ainda que seja culta, independente financeiramente, quando ele ergue a voz, a tendência dela é baixar a sua. Viu sua mãe abaixar a cabeça. E antes dela, suas avós. A supremacia do homem é um dado cultural difícil de reverter e que só mudaria lentamente. Mas há de mudar. Para isso as mulheres estão lutando- sem violência. Para se livrar desse pesadelo, só uma coisa a fazer denunciar. Não ter medo de enfrentar a “fera” que convive com você e lembrar que a Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) está à disposição para ajudar nesses casos. Fazendo valer seus direitos, que são iguais sem distinção de sexo, raça e classe social.
Um segundo passo será dão quando reconhecermos que a luta contra a violência doméstica e conjugal na cabe apenas às mulheres e os movi mentos sociais feministas. As culturas da violência calcadas no poder devem ser combatidas por todos. Trata-se de um compromisso capaz de ser assumido também pelos homens e pelos movimentos sociais de todas as naturezas. A cultura dominante pode ser modificada e o Estado também deve atuar, elaborando políticas públicas, reformando sua legislação e alertando a população quando ao seu papel no enfrentamento da questão. Não basta colocar as idéias no papel é preciso trazer os direitos para o cotidiano das pessoas. Para isso a Justiça tem de funcionar adequadamente, de forma rápida segura, barata, eficiente e acessível a todos.
Horácio Delalibera