Desde o ano passado, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) levantou a bandeira em defesa do aumento do salário mínimo de R$ 540 para R$ 600.
O anúncio feito pelo candidato tucano à presidência, José Serra, não foi uma mera promessa de campanha. Foi, sim, uma proposta avaliada previamente e que seria levada adiante independente do resultado das urnas.
Pois bem, finalmente chegou o momento de discutirmos isso no Congresso. Nesta semana, economistas apresentaram na Câmara a viabilidade de uma reengenharia orçamentária que permitirá ao Brasil, hoje atrás de muitos países vizinhos em relação ao salário mínimo, que aumente o poder de compra dos seus cidadãos.
Segundo um levantamento recente feito pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), apesar dos sucessivos aumentos acima da inflação até o ano passado, o poder de compra do assalariado brasileiro é um dos piores da América Latina, inferior a países como Honduras, Paraguai e El salvador.
Esses fatores evidenciam que o Brasil tinha o compromisso de não recuar enquanto aos ganhos reais que se iniciaram no governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, e que acumulou numa valorização de 44% até o final da administração tucana.
Consequentemente, nossa luta não é partidária, mas é em conjunto a milhões de brasileiros que trabalham e têm família para dar o sustento. O aumento do salário mínimo no valor de R$ 600 reais representaria melhor qualidade de vida para os empregados e assalariados em todo país.
No entanto, muita estranheza nos causa o PT (Partido dos Trabalhadores), que tem o trabalhador no nome, mas seguiu e permaneceu na contramão de uma proposta mais justa e, repito, viável ao governo, em prol dos que mais precisam.
Neste primeiro teste de poder, a presidente Dilma Roussef demonstrou incapacidade para defender os interesses da classe trabalhadora, que anseia por valorização. Uma tragédia para o Brasil.
Diferente e independentemente, o PSDB propôs cortar os gastos desenfreados e desnecessários para promover o aumento do mínimo sem desequilibrar as contas públicas. Orçando e elegendo prioridades. Não havia segredo.
Defendemos a redução de despesas na máquina governamental, que podem chegar a R$ 11,5 bilhões, sem afetar programas sociais e investimentos. Além disso, o impacto do aumento do mínimo na receita seria de R$ 5 bilhões, entre outras indicações técnicas que davam aval para o aumento. Tudo resultaria na diferença entre a proposta do governo, de R$ 545, e a defendida por nós, de R$ 600, cerca de R$ 17 bilhões no total.
Mas, infelizmente, continuamos na mesma novela com velhos e novos personagens. Ameaçada, Dilma usou da estratégia ameaçadora de cargos para os comissionados. Com isso, o aumento aprovado foi de apenas 0,37%. Incrível. Míseros R$ 5 reais de aumento para cada trabalhador.
O PT sucumbiu diante aos interesses que fizeram nascer o partido, pelo menos na tese, interrompendo um crescimento histórico de 16 anos do piso salarial.
Quem sofre com isso são mais 47 milhões de trabalhadores que são obrigados a engolir explicações dos aliados petistas de que a proposta foi vitoriosa. Na verdade, puro engodo político de um partido que, cada vez mais, deixa cair a máscara.
No Senado a votação já está articulada. Contudo, embora encontremos dificuldades em defender a população, o PSDB vota em favor do Brasil, pelo máximo do salário mínimo.
*Vanderlei Macris é deputado federal pelo PSDB/SP