Sou daquele tipo de pessoa que sai de casa bem antes da hora marcada, com receio de chegar atrasada. Geralmente chego cinco minutos antes, no máximo cinco minutos depois da hora agendada. Aprendi a ser assim provavelmente numa outra vida e com os ingleses, povo que tem a fama de ser pontual, só pode ser. Porque por aqui... Praticamente ninguém respeita o horário marcado, pode reparar.
Chegue na hora marcada e de duas, uma: você é o primeiro e algumas pessoas estão chegando também, ou pode ser que um ou outro gato pingado já tenha chegado um pouco antes de você. Aí você se acomoda e espera. E se passam dez minutos, quinze, vinte, meia hora... Aos poucos as pessoas vão chegando, algumas até um pouco esbaforidas, balbuciando desculpas, mas a maioria nem aí para o atraso. Quando é um espetáculo, um show, um evento qualquer, você com certeza já ouviu os organizadores pedindo “paciência, mais uns minutinhos para que todos possam chegar”.
Uê, mas não estava marcado para meia hora atrás? Porque esperar? E os que chegaram na hora e estão lá, com cara de tacho, esperando sentados? Bem feito, quem mandou chegar na hora marcada! Não tinha mais o que fazer, provavelmente, e seu tempo não é tão importante e precioso quanto o dos demais que se atrasaram...
Para cúmulo do desrespeito, às vezes você chega no lugar e na hora marcada e, surpresa! Nem os organizadores chegaram e está tudo “às moscas”, no escuro; e bate aquela dúvida: “será que é aqui, será que é hoje mesmo, foi cancelado e ninguém me avisou?” Nada disso. É lá mesmo, hoje mesmo, mas estão todos atrasados, sabe como é essa vida, uma correria, vem logo a justificativa... Pois é, eu não aprendo mesmo, você pensa, e engole a vontade de gritar: “ora, olhe a hora!”.
E quando é uma reunião de trabalho? Geralmente é o chefe quem convoca e, fazer o que, “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, diz o ditado. Você vai, chega na horinha, mas nem o chefe chegou. Dos quinze convocados, por exemplo, aparecem uns dez, e de cinco em cinco minutos depois da hora marcada vai chegando mais um, todos se entreolhando, fazendo cara de paisagem, sentando e esperando, uns mais receosos, outros menos, ninguém sabendo ao certo o que está fazendo ou o que vai acontecer por lá, na reunião.
Brasileiro tem mania de reunião, pode também reparar. Qualquer coisinha e já estão marcando reunião. Re-união. Uma nova união é o que significa. Mas raramente é o que se passa em uma reunião. Etâ povo de reunião mais desunido. Raros chegam no horário, nem todos comparecem e a reunião nunca começa na hora, são três fatos infalíveis. Tem chefe que marca reunião só para poder dizer que se reuniu com os funcionários, mas é só engabelação e “fazer chover no molhado”. Uma reunião quase nunca resolve nada, sempre se marca mais uma e outra e mais outra, os assuntos vão se sucedendo e os velhos assuntos são deixados para trás, enquanto os novos assuntos chegam e requerem mais uma reunião.
Ao invés de reunião não seria mais fácil e mais útil para todos que se mandasse por escrito o encargo de cada um, fixasse uma data para apresentar esse trabalho ou aquele relatório, e se concluísse a questão em uma conversa “tête a tête”? Já me aconteceu de descobrir que a pessoa que convocou a reunião nem sabia direito o que dizer, a reunião era mais para constar do que para produzir algo de importante. Algumas vezes, também, o assunto tratado na reunião ficou sem prosseguimento, sem solução de continuidade. Isso dá um desânimo na gente...
Norma Moura é advogada, empresária e estudante