Motoristas acostumados com a velocidade de 100 km/h na rodovia Euclides da Cunha nem imaginam, mas logo vão receber a conta pelo correio. O boleto de cobrança da multa pelo excesso de velocidade após a redução de 100 km/h para 80 km/h. A medida passou a valer no mês passado e já rendeu, ao menos, R$ 195 mil aos cofres do Estado.
Esse é o valor estimado, já que o montante arrecadado no trecho entre Bálsamo a Santa Fé do Sul é segredo de estado. Para chegar ao valor multipliquei o total de multas (2,3 mil) pelo valor da multa (R$ 85).
É isso mesmo! Nunca na história da Polícia Rodoviária Estadual se multou tanto. Vejamos a explicação: com a redução da velocidade, os radares entraram em ação e flagraram os motoristas acima do limite. A arma tecnológica não falha. E, como disse, nem incomoda o freguês na hora do flagrante. O lançamento da multa é automático, o motorista nem precisa ser abordado e recebe o aviso via postal, dias depois.
A surpreendente quantidade de multa ultrapassa todos os recordes. Para se ter ideia, em janeiro de 2009, foram aplicadas 209 multas pela mesma infração em toda extensão da SP-320, segundo dados do Comando de Policiamento Rodoviário de Rio Preto.
Desnecessário explicar os motivos, mas darei detalhes para refrescar (ou aquecer) a memória do leitor. A velocidade foi reduzida pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER) com a justificativa do início da obra de duplicação da rodovia.
De um lado, a preocupação com a segurança é admirável. Menos velocidade igual a menos acidentes, mais vidas salvas, coisa e tal. De outra órbita, a questão chega a ser é folclórica. Governadores, deputados, assessores já anunciaram o início da obra várias vezes. Ou seja, a gente não sabe se ri ou se chora. Aliás, tem muitos políticos em prantos com a demora na largada da tão sonhada obra.
Governistas rebolam na tentativa de justificar a demora na duplicação da Euclides da Cunha. Já a oposição chega ao êxtase e anuncia protesto, etc. É sempre assim, até um clássico sertanejo diz “...enquanto uns sorri outros choram de dor...``.
No epicentro da turbulência, os moradores da região esperam o the end dessa história. E, agora, revelarei o pior. Tudo indica vários capítulos da novela pela frente.
Essa é exclusiva pra você, leitor (a) amigo. O início da obra empacou por falta da papelada exigida pelos órgãos ambientais e na desapropriação das áreas particulares que serão engolidas no alargamento da via.
O governo não contava com a demanda judicial de alguns proprietários rurais vizinhos da rodovia. Sabemos que na Justiça o buraco é mais embaixo. Assim, está tudo embargado. Processos da batalha entre DER e sitiantes estão em andamento em várias cidades da região. É só esperar um final feliz...pra todos os lados, é claro.
José Luiz Lançoni é jornalista