A evolução é o grande princípio da lei universal.
Todas as leis que a regem parecem reduzir-se a duas essenciais: a lei do esforço e a lei da solidariedade. Segundo a lei do esforço, todo ser chegado a um rudimento de sensibilidade e de consciência deve contribuir ativamente para o progresso evolutivo. Seu desenvolvimento pede esforços perpétuos inumeráveis, os quais constituem o próprio mérito desse desenvolvimento. Se pudéssemos resumi-la reduziríamos, toda ela, à luta pela vida.
A lei do esforço é a causa das grandes diferenças de pormenores e, num mesmo mundo, responde por inumeráveis discrepâncias ali verificadas. É a lei do esforço que ativa a evolução, que nos puxa para o alto. É o fator essencial das numerosas e consideráveis desigualdades e variedades das partes evolucionárias.A lei da solidariedade
é tão importante e evidente quanto a lei do esforço, na verdade são inseparáveis. a solidarização é o “sentimento de identificação com os problemas de outrem, o que leva as pessoas a se ajudarem mutuamente”(dic). Para os egoístas é uma palavra perturbadora. incomoda porque o seu verdadeiro significado impõe mobilização de recursos em favor do próximo.Porém, ser solidário é sentir a necessidade íntima de partilhar, é querer ir mais além, é perceber que a alegria de dar é indiscutivelmente superior à de receber; é estender a mão ao próximo sem olhar sua raça, condição gênero, conta bancária. A internalização do sentimento solidário torna-nos efetivamente pessoas melhores.
Seus efeitos podem ser observados por tudo e em tudo: entre os mundos de um mesmo sistema (e também, provavelmente, entre os sistemas vizinhos), entre as porções constituintes de um mesmo mundo, forçosamente solidários material, intelectual e moralmente; entre os minerais, os vegetais e os animais, inseparáveis uns dos outros, apesar do grau diferente de evolução, pelo só fato das necessidades orgânicas e funcionais. Com efeito é sabido que, na realidade, um ser é constituído por um agregado de seres elementares e solidários no conjunto.É a interdependência.
Solidariedade é, então, o exercício do desenvolvimento do amor.
São muitas as dificuldades de se realizar a solidariedade no mundo moderno de incentivo ao consumismo, da globalização, de fome, de desemprego, onde poucos têm voz ativa, treinado a viver como uma ilha disputando todos as vantagens e espaços com os outros como um inimigo e não como nosso irmão. falta de cortesia, onde procuramos levar sempre vantagens, ignorando as situações de trânsito difíceis que o outro porventura estiver enfrentando num determinado momento,a falta de respeito ao próximo chega a ser ridícula
Vivemos num ambiente social de quimeras postergadas, de sonhos frustrados, de mentes cansadas, numa sociedade de nódoas morais, de “mentes vazias” e atoladas nas futilidades, isoladas no cipoal do “ego” enregelado. Vivemos completamente mergulhados na vida egocêntrica, que nos remete irreversivelmente à solidão.
Com isso, “...aprimoraram-se as teorias sociais de solidariedade e nunca houve tanta discórdia...”...” os males que afligem a humanidade são resultantes exclusivamente do egoísmo...” (Emmanuel: livro fonte viva)
A solidariedade é a caridade em ação, a caridade consciente, responsável, atuante, empreendedora que deteriora o materialismo, faz com que os homens compreendam onde está seu verdadeiro interesse, que nos faz pensar na superação do imediatismo ante o comportamento humano. È o roteiro abençoado de uma ação consciente, capaz de esclarecer e edificar os corações, com a força irresistível do exemplo.
A solidariedade, enfim, atenua os deploráveis efeitos da luta pela vida (determinada pela lei do esforço) e restabelece, no conjunto, a igualdade dos pormenores destruída pela lei do esforço, de forma ninguém fique para trás, nos puxando à todos, no grande carro da evolução.
Cleide Maria Monari Semenzato é vice-presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Votuporanga
cleidesemenzato@hotmail.com