O Boeing 737 é um avião comercial a jato, bimotor, de fuselagem estreita e corredor único produzido pela empresa Boeing. Seis assentos de cada lado. É a aeronave de maior vendagem na história da aviação civil. Calcula-se que esse modelo aéreo já tenha transportado cerca de 7 bilhões de pessoas ao longo de sua existência. O conjunto de suas asas foi especificamente projetado para esse protótipo, mas falhou em ensaios destrutivos ao ser submetido a cerca de 95% da capacidade de carga máxima projetada, tendo que ser reprojetado. A evolução do projeto foi grande e acabou dando a atual aeronave uma asa de excelente performance, com capacidade de operação perfeita tanto em pistas curtas como em cruzeiro. Em aviação, cruzeiro significa um padrão estabelecido para altitude e velocidade das aeronaves, dentro dos limites do desempenho de maior eficiência e economia. Reprojetar um país dilacerado por oportunistas não é tão fácil como o foi o Boeing. O povo sofre muito. O voo no Boeing 737 é um espetáculo, tanto que o país tenta copiá-lo, mas numa viagem de incertezas.
Nós brasileiros, estamos enjaulados no corpo de uma dessas aeronaves, muitos de nós confortavelmente sentados, mas outros nem tanto. O que nos estranha é que ninguém sabe para onde estamos indo. Se não bastasse isso, ninguém percebeu que no espaço de carga do avião um gigante botijão de gás vaza à mesma velocidade que a aeronave e a qualquer instante poderá nos mandar para o chão e não para os ares, porque nos ares já estamos. O mais estranho ainda é que os tripulantes do avião postados na cabine de comando, bebendo importados e fumando charutos cubanos, já constataram o vazamento e a consequente explosão, nem por isso a preocupação os tirou do riso. Creio que estão pensando em ejetar seus assentos no país acolhedor de onde importam charutos ou, em outra hipótese nas vizinhas Venezuela e Bolívia, onde se comunga a igualdade de pensamentos entre os dirigentes. Entretanto, recomendam que todos os passageiros sejam encaminhados para outro local denominado pela maioria de cucuia. O piloto da aeronave numa retórica impressionante hipnotiza a maior parte dos passageiros com discursos tranquilizantes, recheados de balelas, denunciando que os boatos alarmistas que sobem do compartimento de carga não configuram nenhuma razão para pessimismo. O comandante ostentado pela imponência reforça que a viagem continua no mais perfeito controle e condição de voo, permitindo que todos continuem se deliciando dos aperitivos e guloseimas gratuitos da companhia. Enquanto isso, na cabeça do co-piloto uma idéia toma forma e fermenta em grande velocidade: como derrubar meu superior e me apossar de seu lugar para melhor aproveitar as benesses que ele desfruta!!! E toda a hierarquia da tripulação pensa o mesmo, com a mesma ganância. O único que não aspira tomar o posto de outros é o comandante, apenas se cuida para que ninguém tome o seu, porque seu cargo é o do topo, mas tem receio que alguém lhe roube o comando tão logo disperse o assento ainda grudado no seu traseiro. Para conter tremenda gritaria que sobe do compartimento de carga, pulmões já sufocados pelo gás disperso e intoxicante, o comandante envia forças de segurança para o local com a missão de restabelecer a ordem - como se o problema fosse o lamento das pessoas e não as golfadas de gás que se dispersam por todos os espaços vazios. Para aquietar os passageiros o comandante autoriza a cozinha a distribuir todo tipo de iguaria apetitosa, mais que isso, promete empregos para grande parte dos viajantes. O ambiente fica festivo, sanduíches rolam aos montes. Isso me faz lembrar bolsas-famílias e tantas outras. Muitos até perdem os sentidos com as bebidas de luxo servidas nesse tipo de transporte e nem se importam com a possibilidade de desintegrarem assim que a aeronave tocar o solo. Está me parecendo vivenciar clima de ‘últimos dias’. A história bíblica já nos presenteou com fato relativamente idêntico. “Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, e não perceberam, senão quando veio o dilúvio, que os levou a todos”. Mateus 23,38-39.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho - manuel-ruiz@uol.com.br
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