Andressa Aoki
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A Santa Casa de Votuporanga enviou um relatório de mais de 10 páginas para os vereadores na última segunda-feira. O documento aborda o déficit financeiro da instituição, com ênfase no pronunciamento do diretor do Departamento Regional de Saúde – DRS XV em São José do Rio Preto, José Victor Maniglia, que afirmou que o hospital não gastou os recursos que o Estado repassa para os atendimentos de alta complexidade em neurocirurgia.
Segundo o provedor Luiz Fernando Góes Liévana e o administrador Mário Homsi Bernardes, a Santa Casa recebia R$ 26.470 para atender 13 pacientes por mês na alta complexidade em neurocirurgia. No ano de 2011, o hospital realizou 168 internações em neurocirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que geraram faturamento de R$ 267.252 mil. “Atendemos 18 pacientes além do contrato SUS, mas o faturamento das internações gerou um valor financeiro menor em relação ao contrato, em média de R$ 4 mil/mensais, totalizando R$ 54 mil/ano, aproximadamente”, afirmaram.
O relatório destaca a diferença entre os serviços de alta complexidade (aneurisma, tumores e coluna cervical) e a média complexidade. “O maior volume de atendimentos em neurocirurgia é das vítimas de acidentes automobilísticos, principalmente, com motos, que são os casos de traumatismo craniano encefálico. A demanda destes pacientes levou o nosso faturamento de procedimentos de média complexidade a um déficit de R$ 727 mil em 2011”, ressaltaram.
A Secretaria do Estado de Saúde teria autorizado um repasse no valor de R$ 326 mil, de janeiro a dezembro de 2012, para minimizar o impacto financeiro. No primeiro semestre, com relação a alta complexidade em neurocirurgia, o hospital gerou um déficit de R$ 30 mil no semestre. “Em relação ao total de atendimentos de média complexidade, no primeiro semestre, nós conseguimos trabalhar dentro do valor financeiro previsto em contrato SUS, mas isto se deu em razão dos recursos que a Secretaria de Estado da Saúde repassou e que nos estão garantidos até dezembro. Daquele total de R$ 326 mil, cerca de R$ 122 mil são destinados a minimizar o impacto negativo em relação às internações de média complexidade”, argumentaram.
Luiz Fernando e Mário ressaltaram que o motivo que levou a Santa Casa à suspensão dos serviços de neurocirurgia foi a perda de um dos médicos (Dr. Darley Fernandes da Silva) que compunha a equipe de neurocirurgiões. “É claro que a suspensão dos serviços de neurocirurgia reflete positivamente no que diz respeito à situação financeira do hospital, que vem, há nãos, sustentando um serviço deficitário”, enfatizaram.
Comunicado do diretor clínico
O relatório também abrange sobre o comunicado do diretor clínico da Santa Casa, Marco Aurélio Nascimbeni. Segundo o documento, foi formado um colegiado de gestão. “Vivemos um momento que não nos cabe procurar culpados. Somos, na verdade, vítimas de um sistema de saúde que acha que pagar R$ 10 por uma consulta médica é pagar bem”, afirmaram.
Obras
Sobre os questionamentos dos vereadores com relação as reformas no hospital, o administrador explicou que esta verba é destinada exclusivamente às obras, não podendo ser utilizadas em nenhuma outra finalidade.