O professor Fábio Martins compartilhou dicas de redação, enquanto a professora Adriana Passoni falou sobre a preparação para a prova
A reportagem conversou com os professores votuporanguenses Fábio Martins e Adriana Passoni sobre a redação e preparação para o exame (Fotos: Agência Brasil e arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Pouco mais de 1,6 mil votuporanguenses devem pegar suas canetas para enfrentarem a primeira prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (21). Essa reta final, geralmente, é marcada pela ansiedade e nervosismo dos candidatos, já que a prova é o caminho principal para o acesso ao Ensino Superior em universidades públicas e privadas do Brasil.
A prova será aplicada amanhã e no próximo domingo (28). Nesta primeira etapa, vão cair 45 questões sobre linguagens, códigos e suas tecnologias e 45 questões sobre ciências humanas e suas tecnologias, além da temida redação dissertativa-argumentativa.
O jornal
A Cidade conversou com professores votuporanguenses, que compartilharam dicas sobre como escrever uma boa redação (com direito a palpites sobre qual poderá ser o tema desta edição) e comentaram sobre a preparação para o exame neste ano, que foi marcada pelas particularidades trazidas pela pandemia de Covid.
Dicas
Para o professor de literatura do Colégio Unifev, Fábio Martins, a primeira coisa que o candidato deve fazer na parte do exame dedicada à redação é bater o olho na “frase-tema” da proposta e fixá-la na mente como uma espécie de mantra. Depois, deve ler os textos da coletânea - de preferência, retomando a “frase-tema” entre um e outro.
“Outra dica importante é o aluno fazer o esforço de interpretação desses textos e se perguntar: ‘de que forma esses textos se comunicam com a pergunta?’ e ‘de que maneira esses textos podem ser apresentados na minha dissertação?’. Na medida em que o candidato estabelece um diálogo com os textos da coletânea, ele terá maior aproveito de conteúdo”, explicou o professor.
Já em relação à estrutura do texto, o professor ressaltou que a redação precisa ter, no mínimo, três parágrafos e ser organizada em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. “O desenvolvimento do tema precisa ser de maneira lógica, sistemática e ordenada, com parágrafos sequenciais. O número ideal de parágrafos para uma redação é de quatro a cinco, para compor as três partes do texto”, acrescentou.
O professor também comentou sobre como é o processo para a escrita da redação. “Nenhum texto é escrito sem passar necessariamente por três fases: o momento de pré-rascunho, em que cada um irá apresentar suas ideias por meio de palavras e expressões em forma de tópicos; o rascunho, no qual é identificado o que serve de conteúdo nesta lista para a escrita do texto; e a escrita do texto definitivo [também conhecido como ‘passar a limpo’], em que é preciso uma revisão para aperfeiçoar o rascunho”, explicou.
Já em relação a qual deve ser o tema da redação do Enem deste ano, o professor tem alguns palpites. “As questões ligadas ao meio ambiente sempre correm o risco de cair como tema da redação. Outros temas menos politizados e mais técnicos [que podem cair] seriam os desafios da educação à distância no Brasil, questões ligadas à saúde coletiva, violência doméstica e saúde mental ligada aos contextos sociais”, ponderou.
Impactos
A professora Adriana Naime Pontes Passoni, que é coordenadora do Ensino Médio do Colégio Unifev, analisou os impactos da pandemia da preparação dos alunos para o Enem e demais vestibulares em duas frentes: no Colégio, que faz parte da rede privada de ensino em Votuporanga; e na rede pública (a nível nacional).
“Como o Colégio Unifev funciona no prédio da graduação, nós fomos muito privilegiados. A tecnologia, para nós, não foi um empecilho. Nós já tínhamos esse preparo e conhecimento em utilizar as plataformas [digitais], desenvolvidas pela Unifev e que nossos alunos usavam. Nós conseguimos, de fato, não deixar que os alunos perdessem as aulas e deixassem de se preparar [para os vestibulares]”, disse.
Só que as outras escolas, principalmente da rede pública, não puderam contar a mesma infraestrutura. “A pandemia escancarou mais ainda as diferenças sociais. Então, a escola particular saiu a frente, por conta da sua estrutura, e teve como capacitar os seus alunos. Infelizmente, não foram todas as escolas que tiveram a mesma oportunidade. É uma realidade”, disse.
Analisando o contexto da educação no país, a coordenadora apontou que o número de inscritos para o Enem deste ano, considerado baixo, é sintomático dos impactos da pandemia na área.
“O índice de inscritos no Enem foi o mais baixo desde a sua criação. Com certeza, tem a ver, sim, com o período da pandemia. São alunos que não se sentiram preparados, não tiveram aulas, então acabaram não entrando nessa competição. Não quiseram tentar. É muito triste. Eles não se sentem capacitados”, disse a professora Adriana.