Donas de bares, restaurantes e uma atendente de loja do Centro falaram sobre endurecimento da quarentena e prejuízos
Comerciantes falaram sobre impactos e prejuízos do lockdown nos serviços considerados não essenciais pelo Plano SP (Fotos e montagem: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O jornal A Cidade percorreu o centro de Votuporanga para conversar com comerciantes de estabelecimentos considerados não essenciais sobre o endurecimento das regras da quarentena e o lockdown, ou “toque de recolher”, à noite e nos fins de semana.
Com esse endurecimento da quarentena, bares, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais considerados como não essenciais pelo governo podem funcionar das 6h às 20h em dias de semana e estão proibidos de abrirem as portas aos finais de semana.
As medidas foram anunciadas pelo governador João Doria (PSDB) na sexta passada, após mais uma semana de piora nos indicadores de Covid-19 no estado, e passam a valer a partir desta semana.
Depoimentos
Para Olga Murata, uma das proprietárias do Bar Amazonas, que fica na rua homônima no Centro, disse ao jornal A Cidade que o lockdown tem um lado bom e um lado ruim.
"O lado bom é o pessoal ter que ficar em casa e manter o isolamento. O ruim é que a gente não pode vender. Ficando fechado, você não vende", disse Olga.
O bar funciona em Votuporanga desde 1951. Olga e seus irmãos administram o estabelecimento desde 1970, quando o comando passou do avô e tio mais velho para eles.
Apesar de todo esse tempo de existência, ela contou que é a primeira vez que eles enfrentam uma situação dessas. "O tanto de prejuízo a gente não sabe ainda, mas vai ter prejuízo sim", acrescentou.
Já no caso do restaurante Predileto, que fica na Rua São Paulo, a proprietária Miriam Suzuki sabe bem quanto vai ser seu prejuízo: 70% no faturamento diário.
"A gente vai ter que ser refém. [O endurecimento] prejudicou muito a nossa classe de bar e restaurante, porque a lei [lockdown] vale só para alguns [estabelecimentos]. Só restringiu a nossa situação, é difícil", relatou ao jornal.
O impacto do lockdown no faturamento não se restringe a apenas bares e restaurantes. A atendente Caroline Cavalini, da loja de bolsas e acessórios Sapeca, que fica na Rua Amazonas, disse ao A Cidade que os sábados são os dias mais lucrativos para o estabelecimento. Ao não poder abrir nos fins de semana, a loja toma um prejuízo de 30% no faturamento mensal.
"Acho que [o lockdown] não vai adiantar nada. Se você tem seis dias na semana para ir em algum lugar, eles reduzem o horário de funcionamento e ainda reduz um dia [de funcionamento] na semana, logicamente vai ter uma aglomeração maior em determinado dia. É trocar seis por meia dúzia e a gente acaba tomando o prejuízo", disse a atendente ao jornal.
Quarentena e lockdown
Na prática, esse endurecimento da quarentena faz valer as regras da fase vermelha do Plano SP, considerada a mais restritiva, para todas as cidades paulistas, independentemente de quais fases do Plano elas estejam enquadradas. A região DRS-XV, que abrange Votuporanga, Rio Preto e outros 98 municípios, permaneceu na fase laranja na última reclassificação do Plano SP.
Durante o lockdown, os estabelecimentos comerciais e serviços não essenciais só podem abrir em esquema de retirada na porta, drive-thru e entregas por telefone ou aplicativos.
Além disso, está proibido o consumo de bebidas alcoólicas em vias e espaços públicos, incluindo praças. Quem for flagrado desrespeitando essas regras pode tomar multa de R$ 100. Em caso de reincidência, o valor será dobrado.
Essas medidas vão vigorar até o dia 7 de fevereiro. Até lá, nenhuma região poderá avançar para as fases amarela e verde, que são as mais flexíveis em relação ao atendimento presencial.
O que pode funcionar no lockdown?
- Farmácias
- Mercados
- Padarias
- Açougues
- Postos de combustíveis
- Lavanderias
- Meios de transporte coletivo, como ônibus, trens e metrô
- Transportadoras, oficinas de veículos
- Atividades religiosas
- Hotéis, pousadas e outros serviços de hotelaria
- Bancos
- Pet shops
- Serviços de delivery ou entregas
Quando o lockdown vai começar?
- Dias de semana (segunda a sexta): das 20h às 6h
- Finais de semana: dia todo