Em discurso, o presidente da FEV, Celso Luiz Alves dos Santos, desabafou contra o líder do prefeito Daniel David (PV)
As falas do diretor-presidente da FEV, Celso Luiz Alves dos Santos, chamaram atenção (Foto: Daniel Castro/A Cidade)
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Durante a inauguração do Complexo Esportivo da Unifev, na tarde de ontem, o que chamou atenção foi o discurso do diretor-presidente da FEV, Celso Luiz Alves dos Santos, que desabafou contra o líder do prefeito na Câmara Municipal, o vereador Daniel Davi (PV) que teria criticado a Unifev.
As falas do presidente chamaram a atenção de todos. O prefeito João Dado, o vice Renatão Martins, o presidente da Câmara, Osmair Ferrari, entre outras autoridades acompanharam atentamente ao pronunciamento.
Segundo Celso, fala-se bastante na cidade que há três pilares de sustentação na cidade: Fundação Educacional, Prefeitura e Santa Casa, porém estes pilares estão apresentando "fissuras", que não sendo corrigidas a tempo poderão, com certeza, desmoronar. “Sinto-me extremamente desconfortável com os fatos que estão ocorrendo, ou seja a interferência por parte de parceiros importantes nos rumos de nossa instituição: isto gera incerteza, acirra conflitos, abala a harmonia e o entendimento, tão necessários para manter os pelares em pé”, falou.
O presidente relatou ainda que recentemente o líder de Governo, o vereador Daniel David, usando a tribuna da Câmara, resolveu atacá-lo e a instituição, colocando em dúvida a gestão. O parlamentar, na visão do presidente, teria apresentado um assunto, “já requentado, e que se encontra pacificado há dois anos nos meios acadêmicos, tanto para os alunos ingressantes quanto para os veteranos”.
Celso fez questão de responder a Daniel de que o modelo de gestão da instituição é muito simples, moderno e eficiente, “sem cabide de emprego, sem fisiologismo, sem compadrio e sem nenhum tipo de aparelhamento na máquina administrativa”.
Na mesma sessão, em aparte, um outro vereador da base aliada exclamou que a Fundação/Unifev, era uma “vergonha”. “Isso aqui não é uma vergonha não, muito pelo contrário, há mais de 50 anos a Fundação/Unifev contribui para o desenvolvimento cultural, econômico e social de Votuporanga, gerando empregos, gerando renda e dá a todos os nossos alunos o mais importante de tudo: educação”, falou.
Confira abaixo o discurso do presidente Celso na íntegra:
A interferência de instituições políticas na Fundação
* Celso Luiz Alves dos Santos
É pela educação que poderemos, quem sabe um dia, ter uma nação digna, de respeito, de ética, de moral e de trabalho. A educação é um trabalho contínuo que temos a obrigação de dar as nossas gerações futuras.
A Fundação Educacional de Votuporanga é uma entidade autônoma e independente, sobrevivendo unicamente às custas das mensalidades dos alunos, e cada centavo recebido é totalmente revertido à área educacional, e assim entendo que deva permanecer nas futuras administrações. Não recebe, portanto, nenhuma subvenção dos governos federal, estaduais e municipais.
E é esta autonomia e independência que a tem mantido sempre forte e permitido que atue em benefício de toda comunidade acadêmica, como hoje os senhores estão vendo, como também à comunidade em geral de nossa cidade e região, através das dezenas de parcerias.
Ela não interfere em nenhuma administração de nossas entidades parceiras e é justo e necessário que as mesmas não interfiram nesta administração e nos destinos de nossa instituição.
Alardea-se e muito que há três pilares de sustentação em nossa cidade: Fundação Educacional, Prefeitura e Santa Casa, porém quero dizer a todos que estes pilares estão apresentando "fissuras", que não sendo corrigidas a tempo poderão, com certeza, desmoronar.
Sinto-me extremamente desconfortável com os fatos que estão ocorrendo, ou seja a interferência por parte de parceiros importantes nos rumos de nossa instituição: isto gera incerteza, acirra conflitos, abala a harmonia e o entendimento, tão necessários para manter os "pilares" em pé.
Vejamos:
O líder de governo na Câmara, agora recentemente, usando a tribuna da Câmara, resolveu me atacar e a instituição, colocando em dúvida a nossa gestão, apresentando um assunto, já requentado, e que se encontra pacificado há dois anos nos meios acadêmicos, tanto para os alunos ingressantes quanto para os veteranos.
Respondo ao mesmo que o nosso modelo de gestão é muito simples, moderno e eficiente, sem cabide de emprego, sem fisiologismo, sem compadrio e sem nenhum tipo de aparelhamento na máquina administrativa.
E é justamente por isso que tudo está dando certo nesta administração, e os recursos estão muito bem administrados.
Nesta mesma sessão, em aparte, um outro vereador da base aliada exclamou que isto aqui, no caso, a Fundação/Unifev, era uma “vergonha”.
Respondo:
Não, meus senhores, isto aqui não é uma vergonha não, muito pelo contrário, há mais de 50 anos a Fundação/Unifev contribui para o desenvolvimento cultural, econômico e social de Votuporanga, gerando empregos, gerando renda e dá a todos os nossos alunos o mais importante de tudo: educação.
Entendo, portando, que estas tentativas de interferências de entidades, de grupos de pessoas, políticos ou não, ferem o princípio de autonomia que deve existir, principalmente entre as entidades parceiras.
Mas, há sempre caminhos, tortuosos ou não, que podem direcionar a um objetivo comum e o comunicado emitido, recentemente, pela Diretoria da Santa Casa, no qual reitero o meu apoio, pode ser um caminho a ser seguido, e em síntese fiz algumas anotações que julgo adequado ao momento:
- “Garantir a união e a harmonia de órgãos constituídos no município, com integração com as organizações da sociedade civil”.
- “O desenvolvimento de um município é formado pela harmonia e união, garantem um futuro promissor pautado da cidade e na promoção do bem-estar”.
- “Juntos alcançaremos a realização de nossos propósitos, atuando em prol da comunidade”.
É este, portanto, no meu entendimento, o caminho que todos nós devemos trilhar, porém faz-se necessário deixar a retórica e praticá-la.
A Fundação Educacional/Unifev não pode estar subjugada a outros poderes, pessoas, a grupos de pessoas que não tenham como objetivos os caminhos exclusivamente educacionais. Não podemos apequená-la.
Ela deve sempre ser autônoma e independente, como o é hoje. Que os senhores curadores, os atuais e os próximos, assim como as entidades civis organizadas, reflitam sobre o assunto.
Que Deus, o nosso bom Deus, o Deus de cada um, traga luz e sabedoria a todos. Muito obrigado.
Celso Luiz Alves dos Santos – médico veterinário e presidente da Fundação Educacional de Votuporanga (FEV).