No Instituto Federal, a temática é debatida durante todo o ano, motivo pelo qual se criou o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas
O dia 20 de novembro foi instituído, por força de lei, como Dia da Consciência Negra
O dia 20 de novembro foi instituído, por força de lei, como Dia da Consciência Negra. A data é uma lembrança ao falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares. Também, conforme a legislação vigente, as escolas devem inserir, em seus currículos, a temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, momento em que se debaterá, nas salas de aula, a História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Além disso, devem incluir, no calendário escolar, o dia 20 como “Dia Nacional da Consciência Negra”.
No Instituto Federal, essa temática é debatida durante todo o ano, motivo pelo qual se criou o NEABI (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas), com o compromisso de promover uma educação de respeito e valorização à diversidade cultural brasileira. A ideia é inserir a temática do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em ações trans e interdisciplinares, que direcionem para uma educação pluricultural e pluriétnica.
Neste mês de novembro, o NEABI intensificou os debates sobre a presença e inserção do negro na sociedade contemporânea. Todos os câmpus do Instituto Federal de São Paulo puderam participar do I Concurso Literário do NEABI – IFSP, com textos de alunos, docentes, técnico-administrativos e terceirizados autodeclarados negros ou indígenas.
A aluna Vitória Beatriz Inácio Matioli, do 1º ano do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio do Câmpus Votuporanga, orientada pela Profa. Ma. Maria Cristina Ribeiro Colmati Lalo, ganhou o primeiro lugar na categoria “Poema” (confira abaixo).
Para Vitória, o que define uma pessoa não é o seu tom de pele, mas seu caráter. “Ganhar o prêmio, para mim, foi como um lembrete de que negros têm de continuar lutando para valorizar a sua cultura, pois ainda há muita discriminação. No momento em que venci o concurso, lembrei-me de todas as pessoas que já sofreram muito para conquistar direitos. Escrevi o poema pensando na minha mãe, que também é negra, e em todos os heróis negros que venceram na vida. Acredito que ainda hoje há muita discriminação por causa da cor e os direitos não são iguais, o que torna a trajetória do negro ainda mais difícil”, contou.
No 2º período do curso de Engenharia Civil, o tema foi ampliado. Além da valorização do povo negro, discutiram-se também os indígenas, as diferenças de gênero e os direitos humanos. Nas aulas da disciplina de Comunicação e Expressão, sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo César Catanozi, os estudantes produziram treze vídeos, com as mais diferentes linguagens e estéticas, os quais foram exibidos no câmpus e estão à disposição no Youtube.
Para Juliana Paula Fujita, aluna que participou de um dos vídeos, é de suma importância a discussão desses temas: “creio que ainda há um preconceito enraizado na sociedade e ele só pode ser resolvido e corrigido quando forem debatidos e compreendidos para que se possa romper com juízos pré-concebidos”, explicou. Como parte do Programa de Formação Continuada de Professores, o NEABI convidou a assistente Social Angelita Toledo para proferir a palestra intitulada “Racismo e Educação” para os professores do câmpus Votuporanga. Em sua fala, a mestre abordou temas como racismo, políticas afirmativas e sistema de cotas para ingresso em universidades, focando, principalmente, no papel da mulher negra na sociedade contemporânea.
Vozes da Libertação
Sou almirante, sou negro almirante
Sou marca de dor
Sou corrente quebrada, liberto eu sou
Sou fruto de sonho, sou herói da luta, cor e amor.
Sou pequena Bridges coragem é meu nome
Sou o grito pela educação
Sou a igualdade de raças
Sou o sonho que nos consome
Sou pastor, sou a voz da nação
Sou Martin Luther King
Sou cinzas da escravidão
Sou grito agonizante,
que se transforma em riso
Sou dança, capoeira, que se transforma em manifesto
Sou morena, menina, pequena, que vence as barreiras
Eu sou negra!