Município auxilia atualmente 270 vítimas que procuraram ajuda; são cerca de 60 novos boletins de ocorrência por mês
Aline Ruiz
aline@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga tem programas que atendem mulheres vítimas de violência desde o ano de 2009. No início, o serviço era prestado na unidade do Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social), agora, há um local especialmente para estas atividades, o Cram (Centro de Referência e Atendimento à Mulher), que atualmente cuida de 270 mulheres, com uma média de 60 entradas novas por mês.Somente no período de janeiro a junho deste ano, foram contabilizados 1.689 atendimentos e 871 visitas domiciliares.
Desde o ano de 2009, cerca de 3.200 votuporanguenses receberam algum tipo de atenção pelo serviço.
O órgão recebe, em média, 60 boletins de ocorrência por mês. Porém, as denúncias podem chegar ao Cram de diversas maneiras. Uma delas é a demanda espontânea, onde a mulher, que se sente violentada e necessita de apoio, procura o serviço por conta própria. “Também há aquelas que são encaminhadas por órgãos da rede, como unidades de saúde, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Creas e outros.Porém, a maior demanda provém de uma parceria com a Delegacia de Defesa dos Direitos da Mulher (DDM)”, explicou Iara Rosane da Costa Rufato, coordenadora da Proteção Social Especial de Votuporanga.
Os atendimentos são individuais, grupais, por contatos telefônicos ou via correspondência.
Iara ressaltou que a violência contra a mulher no município atinge altos índices. Ela explica que apenas uma parcela das mulheres que sofrem algum tipo de violência procura a Delegacia da Mulher para a realização do boletim de ocorrência e outras se dirigem até o Cram na forma de demanda espontânea.
“Há ainda aquelas mulheres que não buscam nenhum dos órgãos como forma de proteção e este número não pode ser contabilizado. Porém, em atendimentos na unidade do Cram, têm-se depoimentos de mulheres que sofrem agressões há anos e somente agora conseguiram romper com o silêncio e denunciar a violência sofrida”, destacou Iara.
A coordenadora ainda relatou que os casos mais comuns advêm de denúncias por violência física e ameaças. “Outros tipos de violência, como a sexual, patrimonial e psicológica, ainda não são percebidos culturalmente como um tipo de agressão, sobretudo a sexual, que pode ocorrer dentro do casamento e, raramente, é denunciada”, contou.
Como os atendimentos são realizados
O Cram atua na garantia de direitos da mulher, como também na promoção do cessar da violência intrafamiliar. Deste modo, o trabalho se dá de forma a empoderar esta assistida e também a família, para que se supere a situação de violência. Apenas em casos extremos, porém, não raros, o órgão age em parceria com o Ministério Público, Delegacia de Defesa da Mulher, OAB, Conselho Tutelar e outros. Esta intervenção se dá de maneira específica para cada situação.
As atividades e procedimentos técnicos desenvolvidos são: acolhida, escuta, orientações jurídicas individuais e em grupo, acerca da Lei Maria da Penha e outras que se fizerem necessárias.
São realizadas visitas domiciliares, atendimento individual, familiar e grupal, encaminhamentos para a rede de serviços e outras políticas de atendimento, tais como a saúde da mulher, educação, habitação e assistência social. Nos grupos são desenvolvidos temas que buscam promover a reflexão sobre o ciclo da violência, comportamento, autoestima, questões culturais de gênero, busca pela profissionalização, inserção ao mercado de trabalho, independência financeira e empoderamento.
O trabalho do Cram visa, sobretudo, desmistificar, desconstruir crenças que prejudicam o relacionamento e construir novas perspectivas conforme as necessidades específicas de cada família. O Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência está na rua São Paulo, 2959, com atendimento de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 13 às 17h. O telefone é (17) 3423-5367.